sábado, 7 de junho de 2014

Confirmada a metodologia contra o Milho


Revista Food and Chemical Toxicology é obrigada a publicar resposta de Séralini
 

Brasil livre de transgênicos e agrotóxicos

Número 676 - 07 de junho de 2014
 
Car@s Amig@s,
 
Em setembro de 2012, a revista científica Food and Chemical Toxicology publicou artigo da equipe liderada pelo professor Gilles-Eric Séralini, da Universidade de Caen, na França, relatando dados de experimentos de laboratório conduzidos ao longo de dois anos para testar os efeitos de longo prazo do milho transgênico da Monsanto NK 603 e do glifosato, o herbicida utilizado em associação com o milho modificado.
 
O estudo, que foi realizado com 200 ratos de laboratório, revelou uma mortalidade mais alta e mais frequente associada tanto ao consumo do milho transgênico, como do glifosato, com efeitos hormonais não lineares e relacionados ao sexo. As fêmeas desenvolveram numerosos e significantes tumores mamários, além de problemas hipofisários e renais. Os machos morreram, em sua maioria, de graves deficiências crônicas hepato-renais.
 
Enquanto, de um lado, as revelações tiveram repercussões importantes como a publicação em setembro de 2012, pela Agência Europeia de Segurança Alimentar (EFSA, na sigla em inglês), de diretrizes para a realização de estudos de longo prazo com ratos (reafirmando aspectos metodológicos usados por Séralini e sua equipe) e a publicação de edital pela Comissão Europeia no valor de 3 milhões de euros para a realização de pesquisas similares, de outro lado – e como não deixaria de ser – a pesquisa de Séralini motivou uma enxurrada de críticas e acusações.
 
Vale lembrar que, antes de sua publicação original, o estudo havia passado por todo o rigoroso rito exigido por publicações científicas renomadas, incluindo a chamada revisão por pares. Não obstante, a violência dos ataques contra a pesquisa orquestrados pelas empresas e cientistas defensores da biotecnologia foi de tal ordem que levou a Elsevier, editora da revista, a “retirar” o artigo, mais de um ano depois da sua publicação. Segundo o editor-chefe da revista, Dr A. Wallace Hayes, o artigo foi retirado apenas pelo fato de “não ser conclusivo”. A consistência científica, os métodos e os resultados da pesquisa não foram questionados pela publicação.
 
Vale lembrar, como dissemos no Boletim 657, que a composição do comitê editorial da revista foi alterada após a publicação dos cientistas franceses – justamente para dar lugar a um ex-funcionário da Monsanto, que desenvolveu o milho NK 603.
 
Finalmente, em maio de 2014, a editora Elsevier obrigou o editor da Food and Chemical Toxicology a garantir o direito de resposta sobre o caso à equipe de Séralini.
 
Na resposta publicada os cientistas denunciam a falta de validade científica das razões apresentadas para a retirada do artigo, explicam porque a linhagem de ratos utilizada nos experimentos é apropriada, e descrevem em profundidade os resultados estatísticos relacionando os parâmetros relacionados ao sangue e à urina às patologias hepato-renais e aos tumores mamários.
 
O editor da revista apenas justificou a retirada da publicação pelo fato de ser impossível concluir pela ligação entre o milho transgênico e o desenvolvimento de câncer – embora a palavra câncer não tenha sido usada no artigo. Nem todos os tumores eram cânceres, embora eles tenham, da mesma forma, levado à morte por meio de hemorragias internas e compressão de órgãos vitais. O Dr. Hayes também havia alegado que 10 ratos por grupo, da linhagem Sprague-Dawley, não permitiam consistência estatística para concluir sobre a toxicidade do milho transgênico e do herbicida Roundup. No entanto, a mesma revista publicou dois outros estudos (Hammond & al., 2004; and Zhang & al., 2014) utilizando o mesmo número de ratos da mesma linhagem e, sem que a consistência estatística tenha sido questionada, deixou passar a conclusão de que os transgênicos testados eram seguros.
 
Segundo o Prof. Séralini, “Somos forçados a concluir que a decisão para a retirada do nosso artigo não foi científica e que o padrão dois pesos e duas medidas foi adotado pelo editor. Esse padrão só pode ser explicado pela pressão das indústrias de transgênicos e agrotóxicos para forçar a aceitação de seus produtos. A evidência mais forte desta interpretação é a indicação de Richard Goodman, ex-funcionário da Monsanto, para o conselho editorial da revista logo depois da publicação do nosso estudo. E o pior é que esse viés pró-indústria influencia autoridades regulatórias como a EFSA que, baseada em estudos medíocres encomendados pelas empresas que querem comercializar seus produtos, emite opiniões favoráveis sobre produtos perigosos, bem como sistematicamente desconsidera as descobertas de cientistas independentes que levantam dúvidas sobre a segurança desses produtos.”
 
O direito de resposta dado à equipe de Séralini não corrige o absurdo que foi a retirada do artigo pela revista científica. É, contudo, um passo importante para o reconhecimento da validade das descobertas da equipe francesa e também na luta contra as tendências editoriais no padrão dois pesos e duas medidas.
 
Leia na íntegra o novo artigo de Séralini e sua equipe na revista Food and Chemical Toxicology:
 
Référence : Séralini, G.-E., Mesnage, R., Defarge, N., Spiroux, J. (2014) Conclusiveness of toxicity data and double standards. Food and Chem. Tox. DOI 10.1016/j.fct.2014.04.018 (article attached).
 
Com informações de:
 

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